terça-feira, 10 de novembro de 2009

Fundação e História desde 1909 a 1915

Face ao aproximar da grande data Única, que é a do Centenário da nossa fundação, é importante e fundamental dar a conhecer, também através desta plataforma, alguns dos documentos que constituem a prova viva da história da nossa tão querida e Única: União Artística Vilarealense.
A seguir transcreve-se uma "Singela narrativa sobre a fundação e administração da nossa colectividade desde 1909 a 1915" , datada de 30 de Dezembro de 1915, parte integrante do relatório de contas desse mesmo ano.
O autor do referido documento, sócio não identificado, recorda que em 1911 foi o único ano em que citou todos os nomes dos corpos gerentes, apenas por uma questão de encurtar o documento, para tornar a impressão do relatório "... o mais barata possível."No mesmo documento recorda também, que "...desde 12 de Dezembro de 1909 a 24 de Março de 1911, a associação esteve, por assim dizer, só a cargo do seu primeiro presidente, Sr. Artur Gonçalves Basto."






"Não existindo no arquivo da associação elementos suficientes para poder fazer-se uma elucidação exacta da sua fundação, e como guião apenas um simples livro de actas incompletas, das reuniões de direcção, que vou tentar desobrigar-me da missão honrosa de que fui incumbido.
Sem dúvida, deve haver nesta singela narrativa muita lacuna, devido a desconhecer a verdadeira origem que deu origem à fundação em Vila Real de uma Associação Operária.
Aos Camaradas mais autorizados sobre o assunto que vou tratar, peço desculpa de tão grande atrevimento, ficando convicto de que serei perdoado desta minha leviandade, filha do amor que dedico à nossa tão querida agremiação.
 Em 12 de Dezembro de 1909, por uma simples lembrança, reuniram-se nos baixos duma casa situada em frente à Travessa da Trindade, desta Vila, meia dúzia de operários numa noite de Dezembro, dessas noites invernosas em que o vento sopra rijo e fortemente, fazendo-se acompanhar de grossas botas para a água.
 Ali, combinaram fundar uma associação de pobres e humildes a que alguém se lembrou dar o nome de
União de Mocidade Imparcial, sendo a designação aprovada por unanimidade por todos que assistiram à reunião, pois não desejavam que a sua colectividade tivesse qualquer fracção política, e assim, no meio do maior entusiasmo procedeu-se à nomeação dos primeiros corpos gerentes que assumiram administrá-la. A nomeação recaíu nos seguintes associados:
Artur Gonçalves Basto, José Justino Ribeiro, Heitor Serafim, José Inácio, Manuel Seixas, Manuel Pereira Junior, José Maria Neves, José Esteves e António Rodrigues de Sousa.
Segui-se de imediato a tomada de posse nos diferentes cargos que foram designados, saudada com palmas e vivas entusiásticos à medida que iam fazendo juramento solene de velarem pela associação e firmando a sua assinatura no respectivo livro.
Combinaram depois que até ao final do mês tratassem apenas da inscrição de sócios e marcaram a primeira reunião de direcção para o dia 2 de Janeiro de 1910, para então tratarem diferentes assuntos relativos ao bom funcionamento e progresso da sua florescente colectividade.
Fieís ao compromisso assumido, reuniram efectivamente nessa data tratando de apreciar os requerimentos dos sócios angariados e substitir os vogais da direcção Manuel Pereira Junior e António Rodrigues de Sousa, que, devido aos seus muitos afazeres, não podiam cumprir o juramento que haviam feito ao tomarem posse dos seus cargos, sendo respectivamente, substítuidos pelos associados:
 Albano Pinheiro e Damião Rodrigues de Sousa.
 (...)
No dia 30 de Janeiro de 1910 reuniram novamente, sendo proposto pelo sr. Artur Basto, a fundação duma Caixa de Socorros, o que foi unaninemente aprovado, abrindo-se, para tal, uma quota entre os sócios, cujo valor se desconhece.
È costume as agremiações operárias solenizarem o 1.º de Maio que é consagrado ás classes trabalhadoras, e por isso, realizou-se nesse dia do ano de 1910 os seguintes festejos:
- Alvorada, Missa e Benção da Bandeira e Noite Espectáculo de Gala no Teatro Circo.
O sr. Comendador José Augusto de Barros, que havia oferecido a bandeira, presidiu então aos festejos desse dia.
9 de Maio de 1910 reuniu a assembleia geral de sócios para tratar diferentes assuntos de interesse para a associação, dentre os quais se destacam os dois mais importantes.
- a mudança de nome que passou a ser União Artística Imparcial;
- a organização de um passeio de todos os associados e suas famílias à estância termal das Pedras Salgadas, a qual se veio a realizar em 21 de Agosto de 1910 com um grande número de pessoas devido sem dúvida a ser esta a primeira vez que em Vila Real se organizou uma agradável iniciativa do género.
No dia 24 de Março de 1911 foi realizada uma reunião entre os corpos gerentes em gestão até essa data, tendo os mesmo apresentado demissão colectiva, nomeando porém uma comissão administrativa composta pelos sócios:
António Rodrigues Pinto, Miguel António Teixeira e Damião Rodrigues de Sousa,
a qual mandou executar em três dias à primeira eleição de corpos gerentes, resultando dessa eleição os novos corpos gerentes:
- Assembleia Geral:
Miguel António Teixeira, Marcelino Maria de Sousa Coutinho, António Rodrigues de Sousa e Armindo Pinto dos Santos Machado- Direcção:
Luís Teixeira Pinto, António Rodrigues Pinto, Domingos Ferreira Alemão, Manuel Alves dos Santos, José Maria de Morais, Damião Rodrigues de Sousa, Isaías Pinto, Macário Gabriel e José Bento de Morais- Conselho Fiscal:
Artur Gonçalves Basto, Albano Figueiredo e Manuel de Sousa
Os associados que formavam o conselho fiscal renunciaram ao cargo e como os camaradas:
Domingos Gomes de Barros, Miguel Guerra e Joaquim Matos
tinham obtido tambem votos para esses lugares, foram chamados a substituir os primeiros.
Depois destes corpos gerentes tomarem posse dos diferentes cargos para que haviam sido eleitos, a direcção na sua primeira reunião resolveu, sendo geral o agrado de todos os sócios por essa resolução mudar o nome de União Artística Imparcial, por não estar muito a propósito, pois que a a associação devia, quando mais não fosse, cuidar da melhoria da situação não só dos associados, como tambem dos interesses de todas as classes proletárias, sendo então escolhido o título de União Artística Vilarealense, nome que ainda hoje conserva e, francamente, o que melhor significa a existência da associação.
Tendo oferecido gratuitamente à associação os seus serviços clínicos o Exmo. Sr. Dr. António Sampaio, a direcção aceitou essa valiosa coadjuvação e nomeou uma comissão que pessoalmente foi agradecer esse importante benefício, levando consigo o ofício em que nomeava sócio benemérito aquele distinto facultativo.
Também nessa reunião foi proposto por um membro da direcção que à Caixa de Socorros se desse o nome de D.Virgínia Teixeira Bruillard, em virtude de ter dado provas evidentes de ser uma verdadeira e desvelada protectora das classes trabalhadoras. Comunicado a S.Exa esta resolução, imediatamente respondeu, agradecendo a lembrança e enviando o valioso e importante donativo de 100$00 (cem escudos), que foram empregues na aquisição de títulos de dívida pública, garantidos pelo governo Português.
Desde essa data até hoje (altura do documento), já nos foram enviados por Sua Exa, mais 210$00 (duzentos e dez escudos) que tiveram o destino da primeira dádiva.
Como no ano anterior, festejou-se o 1 de Maio com um programa deslumbrante, próprio das festas realizadas, nesse dia, por associações congéneres, que engrandeceu o mesmo, com o cortejo cívico, onde se encorporaram, além da Cãmara Municipal e todas as colectividades desta Vila, 4 carros com figuras alegóricas, ricamente vestidas.
Em 20 de Agosto realizou-se uma excursão a Vidago e Pedras Salgadas que não desmereceu da realizada no ano anterior.
Neste ano foram aprovados os estatutos (que estiveram em vigor até 1950), havendo, por tal motivo, no dia 3 de Dezembro, uma sessão solene como regosijo por se ter conseguido a respectiva aprovação, uma das maiores aspirações dos sócios.
A direcção ao terminar o seu mandato entregou o saldo de 45$24,5 respeitante à associação, e de 27$23 em dinheiro pertencentes à Caixa de Socorros, além de 93$00 em títulos de dívida pública, da qual haviam recebido com fundo existente apenas 90,5 !!! [ o apenas e os !!! no documento original confirmam que 2$5 era uma elevada quantia no ínicio do século]
Estes saldos deram ensejo a que os sócios novamente escolhessem para presidir aos destinos da associação durante o ano de 1912, os corpos gerentes que administraram a associação durante o ano de 1911, sendo, com raras excepções, reeleitos os mesmos camaradas.
A 5 de Fevereiro de 1912 foi solicitado pela direcção à Câmara Municipal desta Vila, a exemplo do que haviam feito várias câmaras do País, para que a uma das ruas ou largos de Vila Real, fosse dado o nome de "1.º de Maio", sendo atendida no seu pedido pela Câmara, que destinou para esse fim o antigo Largo de S.Pedro.
No dia 24 de Março de 1912 foi criado na associação um Curso Nocturno de Instrucção Primária, que foi dirigido desde o seu ínicio, generosa e gratuitamente pelo hábil professor de ensino primário
Exmo. Sr. Henrique Nogueira.
Infelizmente com pouca adesão e, se o mesmo ainda existia era devido à vontade do seu director, que é incansável e não desanima apesar da pouca comparência, tendo conseguido submeter a exame alunos quase analfabetos quando começaram a frequentar o curso, que obtiveram altas e honrosas classificações, esperando ainda que melhores dias surjam ao referido curso.
Tambem nesse ano se realisou no dia 1 de Maio a solenização da Festa do Trabalho, que revestiu um desusado brilhantismo. No cortejo cívico encorporaram-se 7 carros alegóricos, confecionados a preceito e oferecidos pelos Bombeiros Voluntários, Voluntários de Salvação Pública, Associação Comercial, Tuna da União Artística Vilarealense, Luis Gonçalves, uma comissão de operários da arte de pedreiro e carro da União Artística Vilarealense.
Esta foi a melhor que a associação realisou e que deixou não só entre associados, como entre todos os Vilarealenses, as mais gratas e perdoráveis recordações.
Em 15 de Julho, a direcção resolveu, segundo o velho costume, organizar uma excursão a Viana do Castelo - o jardim do Minho - em virtude de nos últimos anos ter sido feita a Vidago e Pedras Salgadas.
 Esta excursão não se chegou a realizar, por falta de número, embora o preço dos bilhetes fosse relativamente barato. Perderam, todas as pessoas que não conhecem Viana do Castelo, uma bela ocasião de visitar a mais bela terra minhota e disfrutar o panorama líndissimo que se oferece à vista, subindo ao cimo do monte de Sta Lúzia, onde estão principiadas as obras de um verdadeiro edíficio, que seria uma útil lição para todos os camaradas da arte de pedreiro, e admirar o enorme depósito de água que abastece aquela cidade, bem como um suptuoso hotel que, pela sua moderna construcção, é digno ser visitado por todas as pessoas.
Em 15 de Outubro oficiou a direcção ao Provedor do Hospital da Divina Providência desta Vila, que ao tempo era o Exmo. Sr. Fausto Rodrigues dos Santos Ribeiro, para que fossem fornecidos gratuitamente aos sócios da União Artística Vilarealense, os medicamentos necessários para as suas enfermidades, sendo atendido o seu pedido.
Com esta concessão lucrou muitíssimo a associação, pois inscreveu-se grande número de sócios que, com a sua propaganda em favor da associação, captaram para esta a simpatia de todos os Vilarealenses.
A direcção entregou no fim do ano um saldo de 52$60,5 , referente à associação e de 52$64,5 respeitante à Caixa de Socorros, além dos títulos da dívida pública acima mencionados pertencentes à mesma Caixa.
Com o ínicio de 1913 , devido à boa orientação dada a esta colectividade pela direcção que a administrou durante os dois últimos anos, reuniu-se um grande número de associados e constítuidos em comissão, foram rogar-lhes para que mais um ano continuassem à frente da associação, ao que a maioria da mesma se recusou, sendo por esse motivo, eleitos para a direcção os seguintes camaradas:
Domingos Gomes de Barros, Roldão Alves de Figueiredo, Miguel Gonçalves Guerra, Albano Pinheiro, Francisco Pinto de Matos, Alfredo Agrelos, José Bento de Morais, António Vasques Teixeira e Manuel Alves Janeiro.
No dia 7 de Janeiro de 1913 foi organizado um Grupo Dramático, com o fim de evitar a grande exploração que vinha sendo feita não só a esta colectividade como a todas as agremiações desta Vila, por "grupelhos estranhos" à nossa Terra.
Em 4 de Fevereiro oficiou a direcção ao concessionário da Luz Eléctrica, para que a mesma fosse instalada na associação, rogando-lhe, ao mesmo tempo, um preço inferior ao designado pela respectiva tabela para o seu fornecimento. O Sr. Emílio Biel foi mais além neste pedido, concedendo o número de lâmpadas necessárias gratuitamente e todo o material preciso para a sua instalação. Já algumas vezes a fachada da associação tem sido iluminada de luz eléctrica e nunca foi cobrada qualquer importância por aquela empresa.
Para que esta concessão fosse concedida muita contribuiram os esforços empregados pelo Sr. Guilhermino Gomes e pelo nosso camarada Roldão Alves de Figueiredo , junto do Exmo. Sr. Emílio Biel (grande amigo entretanto falecido não só da nossa colectividade como das classes trabalhadoras).
No dia 1 de Maio efectuaram-se os costumados festejos, que não desmereceram dos realizados anteriormente. Foi nesse dia que o grupo dramático composto por amadores nossos companheiros, fez a sua estreia, agradando muitíssimo o correcto desempenho das peças que levaram à cena, e captando, desde então as simpatias do público que, no final do espectáculo, lhes fez uma entusiástica ovação.
A Sr. D. Maria Alves Pereira, organizou durante alguns Domingos que precederam o 1.º de Maio, bazares de prendas, no Largo Conde de Amarante, abrilhantados pela banda de infantaria n.º13 , dos quais reverteu em favor do cofre da Caixa de Socorros, a quantia de 49$38.
No dia 17 de Agosto teve lugar a terceira excursão a Vidago e Pedras Salgadas, sendo muito concorrida, pois acompanhou-a uma banda de música, que muito contribuiu para o seu grande entusiasmo. Desta excursão deu entrada no cofre da Caixa de Socorros, a quantia de 11$27, producto líquido.
No dia 21 de Setembro foi a União Artística Vilarealense visitada pelo Grupo Musical Juventude Portuense, a quem foi feita uma recepção digna, ficando os visitantes muito gratos para com a nossa colectividade, pela maneira verdadeiramente fidalga como por ela haviam sido recebidos.
A direcção entregou no fim do ano da sua gerência os seguintes saldos: da associação 92$75,5 e da Caixa de Socorros 48$35 bem com 297$50 em papeís de crédito.
No ínicio de 1914 tomaram posse os seguintes associados na direcção da associação:
Roldão Alves de Figueiredo, José de Aquino Ribeiro, Albano Pinheiro, José Maria de Morais, Diogo Vieira da Silva, Manuel Alves dos Santos Júnior, Narciso Mendes Pereira, José Maria da Rocha e Francisco Pinto de Matos.
Durante este ano, a não ser uma administração feita com zelo e a realização em Maio da Festa do Trabalho, que revestiu uma certa imponência, nada há a registar, devido aos afazeres particulares de alguns membros da direcção que se viram obrigados a abandonar os lugares que ocupavam, por não poderem desempenhá-los com a actividade que desejariam.
O saldo anual foi: 162$93,5 pertencentes ao cofre da associação e 131$10 da Caixa de Socorros, assim como 348$38 em títulos da dívida pública, respeitantes à mesma Caixa.
Em 1915 a direcção era assim composta:
Roldão Alves de Figueiredo, Jaime Rodrigues dos Santos, Manuel Pereira de Azevedo, Miguel Gonçalves Guerra, Lourenço José Nogueira. Luís Gonçalves, Lourenço Neto, António Rodrigues Pinto e Manuel Alves dos Santos.
Esta direcção sabendo que existia da parte dos habitantes de Vila Real um certo desinteresse pela União Artística, devido à orientação que julgaram ela possuir, empregou todos os seus esforços e boa vontade para reconquistar a simpatia do público, havendo sido coroado do maior êxito o seu trabalho. O maior exemplo é a atenção dispendida por vários cavalheiros e senhoras da nossa primeira sociedade, para a realização de dois espectáculos em benefício do nosso cofre. Ainda a inscrição de alguns sócios beneméritos, dentro dos quais o Exmo. Sr. David Albino Martins, de Lisboa e Joaquim Vitorino de Oliveira, nosso ilustre conterrâneo, cujas obras de verdadeira filantropia praticadas a estabelecimentos de caridade e as pobres desta terra, são por todos conhecidas.
As entradas de sócios efectivos regulam pelas dos anos transactos. A direcção não descurou este assunto, e para conseguir elevar o número de associados nomeou uma comissão de propaganda composta dos operários José de Aquino Ribeiro e Manuel Alves dos Santos,
que empregaram toda a energia para bem se desempenharem da missão que lhe foi imcumbida, satisfazendo dessa formaos desejos da direcção. Esta comissão, pouco conseguiu, infelizmente, devido à maioria dos operários Vilarealenses, ser refractária ao meio associativo. Não devemos nós, associados desanimar por esse facto, e encorajados pela nossa vontade, devemos trabalhar pelo engrandecimento desta associação e agourando-lhe um futuro sorridente e próspero.
A Festa do Trabalho realizada nesse ano, se não foi superior ás transactas, pelo menos igualou em imponência e luminosidade.
Foi infeliz este ano a direcção, pois como sabeis é do producto do espectáculo realizado no 1.º de Maio, que são custeadas todas as despesas feitas com a festa daquele dia, que ao contrário dos outros anos, em que sempre houve saldos, em 1915 resultou um défice de 49$63.
A fim de cobrir esse valor que, por certo, viria dificultar a vida financeira da associação, foram organizadas duas Sessões Cinematográficas que se realizaram no Salão High-Life, generosa e gratuitamente cedido pela empresa António Gomes & Associados; Almeida, das quais ficou um saldo, depois de descontado aquele défice, da quântia de 19$15
Para o bom êxito destas sessões muito contribuiu a coadjuvação prestada pelo Exmos. Srs.
Guilhermino Gomes, José Augusto Pinto de Barros, Dr. António Sampaio, Dr, Joaquim de Azevedo, Estanislau Correia de Matos, Olindo Gomes Ferreira, D. Amélia Machado, Roque Pinto da Fonseca, João Fernandes e todo o pessoal daquela casa de diversões.
No mapa da despesa desse ano, é feita referência à verba de 38$35 referente à aquisição de 400 diplomas para sócios efectivos e 100 destinados a beneméritos desta casa.
O corrente ano foi muito doentio, motivo porque a nossa Caixa de Socorros teve grandes despesas com medicamentos fornecidos aos associados, havendo dispendido no mês de Agosto último, a quantia de 18$29!
Com o fim de fazer face ás despesas da nossa Caixa de Socorros, foi organizado no Teatro Salão, gratuitamente cedido pela respectiva empresa, um sarau dramático, no dia 24 de Outubro, do qual reverteu em favor da Caixa de Socorros, um saldo de 87$81,5.
Este sarau foi muito concorrido por parte do público, em virtude do seu fim altruísta e humanitário, tecendo-lhe a imprensa local, não só por esse motivo, como pela forma brilhante como ela decorreu, as mais elogiosas referências. É certo que isso se deve ás senhoras e cavalheiros, nossos conterrâneos que participaram no sarau, para cujo brilhantismo e bom êxito muito contribuíram as Exmas. Sras.
D.Isaura de Oliveira, D.Maria do Carmo Barreira, D.Matilde Costa, D.Amélia Machado, a menina Maria Amélia Almeida, e os Exmos. Srs.
Joaquim Vitorino de Oliveira, Dr.Mário de Oliveira, Dr. Henrique Botelho, Dr. Emídio Roque da Silveira, José Augusto Pinto de Barros, Ilídio Ruas, Artur Pedrosa, João Borges, Alfredo Melo, Olindo Gomes Ferreira, José Barreira, António Vieira Claro, José Coelho entre outros,,,
A Exma Sr. D.Virgínia Teixeira Brouillard, continua a dispensar à nossa Caixa de Socorros, a mais alta protecção, pois que, apesar de longe, não se esquece da obra altruísta que iniciou na nossa associação - a fundação da Caixa de Socorros.
A Sua Exa. tributam todos os sócios da União Artística, o mais profundo reconhecimento pelos benefícios que ela lhe vem prestando.
Apesar das contrariedades associadas a este ano, a sua direcção incansável conseguiu ver realizada a sua aspiração, apresentando saldos superiores a todas as outras sendo : 225$04,5 da associação e 405$44,9 da Caixa de Socorros, além dos papéis de crédito já mencionados.
Oxalá que as futuras direcções saibam compreender a obra encetada e sigam os passos da direcção cessante que, com honra, brio e dignidade, terminou o seu mandato, para desta forma se aumentar o prestígio da União Artística Vilarealense.
Assim o espero, confiando na boa vontade de todos. Eis, em resumo, o que se me oferece dizer sobre a fundação e administração da nossa colectividade, desde o seu ínicio até à presente data.
O que aqui fica, nada vale e apenas representa um pouco de trabalho, infelizmente mal sucedido, pois ele não corresponde aos desejos dos camaradas que me imcumbiram de tal empresa.
Termino pois, como começei, pedindo desculpa aos companheiros, que mais autorisados do que eu sobre o assunto, poderiam tratá-lo com mais conhecimento, saber e eficácia, esperando deles a absolvição desta minha leviandade, filha do grande amor que dedico à União Artística Vilarealense.""

1 comentário:

  1. Obrigado pela publicação da história das origens desta Centenária Associação. Sou vila-realense, residente em Gaia e historiador tendo um projecto de investigação sobre Virgínia Teixeira Brouillard que foi grande benemérita da U.A. e deu o nome e muito dinheiro à Caixa de Socorros. Seu irmão foi um dos primeiros directores da U.A. Em que medida essa Associação poderia facultar-me a consulta de documentação sobre o contributo desta benemérita e irmão para essa associação? Aguardo a V. resposta e apresento cumprimentos.
    António Conde.

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