A mesa do Conselho Nacional da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, reunida em Lisboa em 31 de Março de 2012 decidiu aprovar duas resoluções associativas: a primeira relativa a "Mais impostos e menos Cultura e Recreio" e a outra denominada "Colectividades e Juntas de Freguesia dois poderes locais a respeitar e valorizar".
Confira-as agora neste artigo ...
"Mais Impostos e menos Cultura e Recreio"
Considerando
que as Coletividades e Associações desempenham um importante papel na
organização, produção e promoção de atividades culturais e recreativas onde são
disseminadas peças de teatro, poesia, literatura e música de autores nacionais
e estrangeiros;
Considerando que os custos de promoção e
execução das atividades culturais e recreativas têm subido exponencialmente,
quer nos custos diretos (contratações de artistas, meios técnicos e logísticos)
quer nos custos indiretos como licenciamentos ou serviços (espaço, segurança,
ruído, água, energia, transportes), quer ainda na passagem de 6% para 23% de
IVA no preço dos ingressos o que se traduz num agravamento para o público,
reduzindo o acesso à cultura e ao recreio;
Considerando que aos custos já anteriormente
assinalados, acrescem os custos de licenciamento/autorização – ora
transformadas em serviços quando sempre foram consideradas licenças/taxas - por
parte da SPA - Sociedade Portuguesa de Autores e da Pass Música (música
gravada/intérprete), quer as iniciativas sejam com entradas livres ou entradas
pagas;
Considerando
que, resultado da lei do Orçamento de Estado para 2012, pela primeira vez,
estas licenças passaram a ser taxadas com o IVA à taxa máxima de 23% o que
configura um “imposto” sobre uma “taxa”, ou seja, um condicionamento e ataque
às atividades culturais e recreativas que colocam a atividade associativa em
causa;
O
Conselho Nacional da Confederação, reunido em Lisboa delibera:
1.
Manifestar o seu completo desacordo com esta medida fiscal que não tem em conta
a particularidade da atividade associativa, colocando-a ao nível da indústria
cultural praticada com fins lucrativos;
2.
Exigir que seja considerada a possibilidade de as Associações e Coletividades
enquanto instituições privadas sem fins lucrativos, sejam isentas de pagamento
do IVA sobre o valor das Licenças a emitir por aquelas entidades.
3.
Divulgar esta posição junto dos órgãos de soberania e decisão política, da
comunicação social, parcerias, filiadas e não filiadas por todos os meios ao
alcance.
Lisboa,
31 de Março de 2012
" Colectividades e Juntas de Freguesia dois poderes locais a respeitar e valorizar"
As
cerca de 30.100 Coletividades e as 4.259 Juntas de Freguesia são as principais
instituições da sociedade civil e do Estado com maior proximidade às
populações. São elas quem no dia-a-dia conhecem e resolvem a grande maioria das
necessidades no plano da cultura, recreio, desporto, social e administrativo.
São
o suporte da confiança dos mais idosos, da eficiência e da esperança dos mais
novos. Milhares de eleitos nas Juntas de Freguesia, iniciaram a sua experiência
de serviço comunitário nas coletividades, sendo por isso profundos conhecedores
da importância das duas frentes que se complementam e sem as quais a nossa
democracia seria muito mais pobre.
Uma
eventual decisão administrativa de agregação ou extinção de freguesias, sem ter
em conta a realidade e necessidade local, sem considerar a vontade das
populações e em particular dos seus representantes, seria um duro golpe na
democracia portuguesa e um sinal de ditadura.
A
confirmarem-se tais intentos, anular-se-iam identidades e diversidades
culturais, promover-se-ia a desertificação humana, o isolamento e morte lenta
de lugares e pessoas que assim ficariam ainda mais expostas à depressão
individual e coletiva.
Depois
de terem encerrado serviços públicos essenciais como escolas, centros de saúde,
correios, notários e outros, nalguns casos, o que resta de vida coletiva e de
humanidade, são as Coletividades, as Paróquias e as Juntas de Freguesia.
O
momento económico parece justificar toda e qualquer medida de redução de
serviços públicos. Nada mais errado e falacioso.
As
Juntas de Freguesia não só são uma parte muito ínfima dos custos do Estado,
como a sua existência permite um melhor serviço público de proximidade por um
custo mais reduzido que qualquer outro.
Neste
sentido, o Conselho Nacional da Confederação Portuguesa das Coletividades de
Cultura, Recreio e Desporto, ciente da importância do que está em causa com a
Proposta de lei 44/XII, reunido na sua sede no dia 31 de Março, delibera:
1.
Manifestar a solidariedade à ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias e às
Plataformas de Cidadãos em Defesa das Freguesias, na luta que estão a desenvolver
contra a Proposta de Lei 44/XII;
2.
Que as Coletividades e Associações participem no debate sobre esta problemática
ao nível local, mobilizando e avaliando em cada caso concreto o que é melhor
para as populações e para o Associativismo, manifestando junto do Governo e dos
partidos políticos na AR a sua posição;
3.Que
as Coletividades e Associações se juntem aos Eleitos e Trabalhadores das Juntas
de Freguesia, demonstrando a nossa solidariedade e determinação para, em
conjunto, continuar a luta;
4.Que
após o dia 31 de Março se continue a lutar pela defesa do poder local
democrático como expressão da vontade das populações e como meio de intervenção
para a resolução dos problemas concretos, de participação cívica e política e
garante do Estado democrático.
5.
Divulgar esta posição junto dos órgãos de soberania e decisão política, da
comunicação social, parcerias, filiadas e não filiadas por todos os meios ao
alcance.
Lisboa,
31 de Março de 2012
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